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Conselheiro da CEEST fala sobre inovações disruptivas na área



Engª Agrª e Engª Seg. Trab. Maria Amália Brunini


Após mais de seis meses de distanciamento, a Câmara Especializada em Engenharia de Segurança do Trabalho (CEEST) do Crea-SP voltou a realizar encontro presencial com seus membros em setembro, na Sede Angélica, sob o comando da Engª Agrª e Engª Seg. Trab. Maria Amália Brunini, a primeira mulher coordenadora da CEEST.


As reuniões presenciais dos órgãos colegiados do Crea-SP foram retomadas com a adoção de todas as recomendações das autoridades de saúde. Dentro do mesmo espírito, cabe à CEEST – como lembra o Eng. Metal. e Eng. Seg. Trab. Maurício Cardoso Silva, membro da Câmara e representante da Associação Paulista dos Engenheiros de Segurança do Trabalho – zelar pela segurança das pessoas no trabalho — incluindo os seus próprios membros. “Dentro da Engenharia de Segurança do Trabalho é preciso isto: cuidar do outro, mas antes cuidar de si. A nossa é a mais social das engenharias, porque não lida com máquinas, lida com vidas” – afirma Maurício.



A retomada da rotina


Regimentalmente, a CEEST toma decisões sobre processos de consulta, de serviços de fiscalização e de questões éticas referentes ao exercício da profissão de engenheiro de Segurança do Trabalho. Isso inclui assegurar que a profissão esteja sendo praticada unicamente por quem é devidamente habilitado pelo Crea-SP, de posse de seu registro para exercer legalmente a função.



Reunião da CEEST na Sede Angélica


Em reuniões regulares, os conselheiros examinam tanto os processos gerados nas diligências dos agentes fiscais do Crea-SP em suas regiões administrativas como as consultas feitas pela internet ou por outras vias que chegam ao Conselho, para posterior análise e emissão de parecer. Para citar um exemplo recente, os conselheiros da Câmara responderam a um questionamento do Corpo de Bombeiros: quem pode fazer um projeto de combate a incêndio? “Neste caso – explica Maurício – o papel da Engenharia de Segurança do Trabalho não é tratar do combate. É fazer projetos de prevenção, ou seja, planejar o que pode evitar a ocorrência de incêndio. O engenheiro de Segurança do Trabalho indica, por exemplo, o ponto onde deve haver um extintor. Já a instalação propriamente dita e como fazer chegar a água na pressão necessária são atribuições que cabem a engenheiros de outras especialidades, como a Civil”.


Feita para não ser notada


A fonte da maioria dos processos administrativos é a fiscalização em campo. Trata-se de uma rotina diária: os agentes do Crea-SP, utilizando frota própria equipada com tecnologias de monitoramento e processamento de dados, visitam obras e empresas privadas e públicas. Nessas visitas, os fiscais verificam se as obras e serviços são executados com responsabilidade técnica – ou seja, se os responsáveis são profissionais registrados no Crea-SP. Quando não há um profissional técnico responsável ou quando o responsável não tem habilitação, o fiscal faz uma notificação e, se necessário, emite um auto de infração. Caso o auto não seja respondido conforme a lei exige, o Conselho gera um processo administrativo que é entregue para a análise da Câmara encarregada do acompanhamento daquele tipo de atividade.


Como observa o engenheiro Maurício Cardoso Silva, a Segurança do Trabalho é uma disciplina que perpassa praticamente todo tipo de obra ou serviço. “A Engenharia de Segurança do Trabalho é uma Transengenharia”, diz ele. “Está envolvida com a Mecânica, com a Elétrica, com a Ambiental, com a Engenharia de Alimentos, enfim, com todas as Engenharias, porque vai se preocupar com a segurança do trabalhador de cada indústria.”


Maurício cita outro exemplo – o trabalho em altura –, comum nas Engenharias Civil, Química, Mecânica. “Em todas essas situações, a Engenharia de Segurança do Trabalho estará presente com normas regulamentadoras que visam a garantir a integridade física de quem trabalha em alturas. Um erro no nosso trabalho pode colocar em risco uma pessoa e até causar a perda de uma vida.”


Segundo o entrevistado, outra característica da atividade na área é que ela é feita para não ser vista. “A Engenharia de Segurança do Trabalho é de certa forma ingrata”, afirma ele. “Quando não está acontecendo nada, não há acidente e tudo está ok, é porque a segurança está funcionando. Por isso, não se consegue ver o trabalho da Engenharia de Segurança do Trabalho. E o ideal é assim, que ela não seja notada.”


Mais tecnologia na formação profissional


A situação criada pela pandemia trouxe, além da necessidade de evitar encontros presenciais e da necessidade do trabalho remoto, novas reflexões. “O momento mostrou a toda cadeia produtiva que é necessária uma urgente reforma no sistema como um todo, reforma que começa na educação”, diz o engenheiro. Para ele, é possível o uso radical de tecnologias disruptivas, a blockchain e outras, inclusive na formação dos engenheiros. E dá exemplos:


“Os espaços confinados podem ser inspecionados com o uso de drones, que têm a vantagem de não interromper a atividade. Mas não há na Engenharia de Segurança do Trabalho uma matéria que fale disso, que ensine como extrair e analisar as informações levantadas pelo drone. Hoje há também muitos testes e ensaios que são feitos de forma virtual. É preciso levar isso para a sala de aula. É o caso do estudo de altura nas escolas de Engenharia. Podemos utilizar o recurso de realidade aumentada ou virtual e simular em classe o que não se deve fazer no caso de trabalho em altura.”


Na opinião do conselheiro da CEEST, na Engenharia de Segurança do Trabalho a tecnologia blockchain – uma forma de guardar protocolos eletronicamente e validar procedimentos – traz possibilidades novas, quando combinada com o uso da Internet das Coisas e da Inteligência Artificial. Indo a outro exemplo prático, o conselheiro relata: “Quando um operário for dar um comando numa máquina para fazer um trabalho determinado, o blockchain poderá impedi-lo de prosseguir se não estiver habilitado ou se apresentar um comportamento suspeito (por exemplo, se estiver alcoolizado). Isto é o futuro: utilizar as tecnologias disruptivas para evitar o risco de acidente”.


Maurício defende que a Engenharia de Segurança do Trabalho deve acompanhar a Indústria 4.0 – e até vá à sua frente. “Hoje”, diz ele, “o Engenheiro de Automação tem de ter grande conhecimento de computação, e isso não vale só para as Engenharias, é uma exigência também para a Medicina, a Economia e outras áreas”.


Paralelamente à adoção das tecnologias, Maurício Cardoso Silva acredita que também é preciso dar mais valor à inteligência emocional. “Às vezes o profissional tem muita inteligência para as Ciências Exatas, mas não sabe trabalhar em equipe, não sabe delegar. Isso vem da base pessoal, mas pode ser reforçado nos currículos das Engenharias, talvez com aumento da carga de matérias de Humanas, como Psicologia.” 


 


Produzido CDI Comunicação

Supervisão: Departamento de Comunicação do Crea-SP/SUPGES


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